Talvez devesse ter parecido rude.

Tempos e tempos sem dizer nada, e logo naquele dia tínhamos de nos encontrar. Acho que foi a pressão de acenarmos, de começarmos a sorrir já a metros de distância, só para ninguém parecer rude. Acho que foi isso. E gostava mesmo que não tivesses reparado no meu jeito estranho, ao aproximar-me de ti, para dizer olá. Os meus passos desorientados e o meu olhar que não te queria fitar, mas eu a chegar junto a ti e a dizer-te olá. E tu esperaste, fazendo de conta talvez que esperavas por outra coisa qualquer. Se calhar esperavas mesmo. Mas tantas vezes rude, o feitiço tinha de se quebrar. As tuas perguntas, que eu insistia em não responder, mesmo assim, corroíam-me. E quando passou, quando me afastei e continuei o meu caminho, ainda sem saber muito bem por onde ir, pensei que podia ter dito qualquer coisa mais. E queria olhar para trás para saber se continuavas a esperar por outra coisa, ou se tínhamos ido embora porque a coisa por que esperavas era eu. Não olhei, apressei o passo. Acho que fugi dessa ideia: qualquer uma das duas hipóteses me assustava.

*Carolina*

1 comentário:

Ana disse...

Já tinha saudades da 'Carolina'!


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