Nunca se sabe muito bem a razão das coisas. A gente acha que sabe, finge que sabe, diz que sabe. Levanta o nariz e fixa um ponto imaterializado, pensa
-eu sei quem sou
um milhão e meio de vezes. A verdade é que se o prato do microondas deixar de rodar não podemos continuar a seleccionar a mesma temperatura.
-Queimaste o jantar outra vez.
-Desculpa.
-O que é que se passa contigo?
Olhamos as coisas como nos olhamos a nós. E não há propriamente uma solução. Dá para simplificar, tornar a incompatibilidade irredutível. Mas em concreto o resultado há-de ser sempre demasiado complicado. Às vezes vale mais ceder. Às vezes vale mais preparar uma salada fria, ou uns ovos mexidos, ou uma mousse de chocolate.
E se o jantar fosse mousse de chocolate, tu darias um passo atrás.
-O que é que se passa contigo?
-Desculpa.
S.
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