Apagaste-te, mas eu não te apaguei.

Já é de dia a esta hora. Já não ter de semicerrar os olhos para te ver sair do ginásio às seis horas, no lusco-fusco que é o sol posto. O tempo; que nos maltrata. O tempo que tu nunca tens e que eu tenho demais. O tempo que te faz correr e que me faz parar; ainda assim, a ver-te correr, a ver-te passar. O 'antes' no qual eu já não quero pensar, porque é diferente do 'agora' e porque eu sei que vai ser diferente do 'depois'. O tempo; esse que me maltrata. Ainda não consigo culpar-te a ti. Chegará o dia em que só me culparei a mim. Hoje - e o presente nunca presta - culpo o tempo. Nunca fiquei à espera de te ver cortar a meta. A sineta da última volta atrasou-se sem deixar recado. E eu, que agora te vejo à luz do dia a sair de um sítio que já foi nosso, que já foi de palavras minhas e sorrisos teus, digo que antes preferia que o sol já cá não brilhasse. Talvez, no intervalo entre o pôr-do-sol e as luzes da rua acesas, tu passasses despercebido lá ao fundo e eu continuasse a achar feliz os dias serem maiores. O tempo, que me maltrata; porque a luz que agora ainda ilumina as ruas e os restantes não me ilumina mais a mim.

S.

3 comentários:

Sonhadora disse...

O amor é f*dido... A saudade é f*dida... E a ausência de sorrisos, palavras e dele dói...!

Vamos "masé" sorrir senão estamos tramadas ;)

Ana disse...

Difícil é esquecer...

'O tempo, que me maltrata...'
O tempo é literalmente 'lixado'!

Sofia disse...

Leio o teu blog e fico sem palavras. São tantas as emoções, tantas as formas de as descrever! És boa nisto.
E... não consigo dizer-te mais nada.

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