É triste que aqui eu esteja, neste ciclone de ideias e sentimentos que me põe a dançar num segundo e no outro já me atira para o chão. E ninguém me agarra. E tu não estás lá. Se esta chuva parar um dia, se este vento amainar e o frio já não me entupir a garganta; se eu me conseguir levantar e dar passos em frente como outrora o fiz tão bem... não sei o que acontece, mas algo melhor há-de ser, tem de ser.
(Fi-lo tão bem! Pegadas na areia ou na neve, foi indiferente. Foi andar em direcção a ti, no calor do mar ou no frio da chuva. E não era miragem, quando houve água por perto para nos dar razão. Sobrevivemos.)
Parva, parva. Hoje já não. Hoje aninho-me debaixo de uma daquelas árvores tropicais, secas. Secas! Vê o horror dos trópicos secos. Assim sou eu, agora. Que é da água, que é da vida? Que é de tudo? Nada. É triste que eu aqui esteja a escrever isto no sótão, escondida da luz, para não secar mais. É triste erguer um pouco a cabeça e recolhê-la logo, ao olhar pela janela e ver lá ao fundo um rio cujo curso nunca vamos seguir.
S.
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