A vida é feita de excepções. Não de regras.

Tu és uma excepção. Porque eu sinto-me segura em relação a tudo o resto. E tudo é uma palavra tão grande, não é? Diz que sim, para eu acreditar. E, no entanto, és a excepção que faz sucumbir tudo o resto. E tudo parecia uma palavra tão grande, não parecia? Talvez sim, mas apenas antes de ti. As torradas eram uma excepção. O doce era o meu forte. E depois o café sem açúcar, sempre. Tu contrastas, mas ao contrário. O amargo para ti não corta o doce. É o doce que ilumina o salgado. E agora torradas nas minhas manhãs de domingo. E duas colheres de açúcar no galão. Se a rotina é ver-te sempre ali, e triste é quando nos desencontramos, a excepção está em olhares uma estranha por mais de dois segundos, em sorrires para uma estranha mais que dois segundos. Numa vida com dezenas de anos, que são dois segundos? Uma excepção. No entanto, pergunto: como pode uma vida inteira ser orientada para esses dois segundos? Esperar sempre na mesma mesa todas as manhãs por esses dois segundos? E antes ter saido de casa a correr, a calçar os sapatos no elevador, porque esses dois segundos fogem? Fogem mesmo, eu sei. Como pode a vida correr por esses dois segundos, que avançam contra tudo? Que não têm a mínima explicação, que não estão lá porque alguma fórmula os explica. A curvatura do espaço e a curvatura do tempo significam algo aqui, quando de manhã a vida acorda e sente pousar os pés nesses dois segundos, pantufas fofas de veludo à espera? Se uma dia me responderes, essa será a maior excepção.

I.W. @

Escrito ao som de "The Only Exception" - Paramore