Apatia às duas da tarde

Olhas para mim com esse olhar que eu não sei descrever. Não sei, juro. Essa expressão, esse jeito que fazes à boca, não consigo imitar, não consigo dizer a ninguém como o fazes. Não sei como o fazes. Não sei se é de propósito ou se é de ti. O que eu sei é que me sinto mal quando olhas para mim assim. Estás à espera que eu diga algo, que eu faça algo. Algo que eu nunca vou fazer. Eu nem sei o que é, mas nunca vou chegar a descobrir: isso eu sei. Continuas eternamente assim sem te cansares, sem suspirares. Páras no tempo e eu gelo ao ver-te olhar para mim. A cada segundo o tempo parece mais doloroso. Chego a querer afastar-me de ti. A cada movimento que eu faço, tu segues-me imóvel. A cada palavra que eu digo, o teu olhar assustado/hesitante/ansioso/apático/sei lá acende-se com a mesma instensidade. Sempre a mesma, como se não te lembrasses que ainda há pouco te desiludi. Não, tu voltas a olhar-me da mesma maneira, a esperar o mesmo, ainda que eu nunca acerte. E eu tenho medo. Medo de que perder ou ganhar, para ti, já seja igual.

*Carolina*

2 comentários:

The RP disse...

Nós conseguimos ser persistentes...

... quando a recompensa vale a pena.

E, Carolina, olha que vale a pena.

S* disse...

Todos resistimos às dores de amor. Mas boa sorte!

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