the very first beginning

(tinhas conhecido o meu nome na semana anterior. percebi logo o teu magnetismo, sabia que não havia volta a dar.)

-não largues a minha mão!
gritaste-me, enquanto atravessávamos a estrada debaixo de chuva. quando os carros nos apitavam e eu mal via onde punha os pés, tu apertavas com força a minha mão.  teríamos visto o sol a pôr-se se não fossem as nuvens carregadas a oeste. chegaríamos à tua casa gelados. eu não tanto, porque continuarias a agarrar-me. emprestar-me-ias depois uma toalha para secar o cabelo, dir-me-ias que havia canelones no congelador e que os dvds estavam na segunda gaveta.
-desculpa, estou a empatar-te? tinhas coisas para fazer em casa?
tinha. olharia para os livros molhados de História da Arquitectura Contemporânea que tinha deixado em cima da pequena mesa. era uma dissertação que devia adiantar. depois olharia para ti. haveria de descobrir que o teu sofá era mais confortável do que parecia e que a tua manta azul chegava bem para os dois. depois, sentiria outra vez cada gotícula de chuva a escorrer pelo meu nariz, quando o teu dedo fizesse suavemente o mesmo trajecto e tu pensasses que eu já estava a dormir.

eram já três da manhã e ambos sabíamos que eu já devia ter saído. mas para todos os efeitos eu tinha adormecido, e tu querias-me demasiado ali para me "acordar".
Amy

2 comentários:

Sofia disse...

Está tão bonito, tu escreves tão bem... gosto muito da forma como brincas com as palavras e as juntas. Beijinho

Carochinha disse...

Adorei! :)

(desculpa a invasão =P)

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